Novos leitos UTI no Brasil impõem urgência de capacitação de equipes de saúde; erros médicos podem ser evitados, afirma especialista
Em um ano de pandemia, a rede de atendimento intensivo - UTI no Brasil - foi ampliada em 25.186 novos leitos, segundo dados do Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde. Perito Médico especialista em erro médico afirma que o treinamento das novas equipes e mais informação sobre o tema podem ajudar a diminuir o número de erros nos cuidados intensivos, ora em expansão. A pandemia estimulou a abertura de novos leitos de unidades de terapia intensiva nos hospitais públicos e privados do Brasil. Levantamento da startup Bright Cities mostrou que a rede hospitalar abriu mais de 20 mil novos leitos de UTI entre fevereiro de 2020 e janeiro de 2021. Isso representa, em média, 1 unidade de terapia intensiva para aproximadamente 10 mil brasileiros. O maior aumento da oferta veio a reboque da procura. Para dar conta dos novos leitos criados, o Governo Federal anunciou a implantação do projeto "O Brasil conta comigo" que previu a contratação emergencial de profissionais da saúde. Também foram reincorporados 1.012 médicos cubanos que haviam sido dispensados em 2019. Esse novo momento emergencial para a saúde brasileira pode aumentar a ocorrência de falhas. É o que pondera Dr. Hugo Castro, perito médico especialista em erro médico. "É evidente que as equipes de saúde estão sobrecarregadas. Mas é importante ressaltar que nem todo resultado adverso ou indesejado pode ser verdadeiramente caracterizado como má prática profissional. Para que seja confirmada a existência de um Erro Médico, por exemplo, é necessária a comprovação de três fatores: o dano sofrido pelo paciente, o erro de conduta por parte do profissional de saúde e o nexo, que consiste na relação entre dano e erro", explica Hugo Castro. Segundo o especialista, é fundamental ampliar o debate sobre o tema erro médico entre as equipes da saúde e também a população em geral. "O sistema de saúde brasileiro tem mostrado que não estava totalmente preparado para uma pandemia. Com cada vez mais casos de pacientes infectados, a estrutura colapsou em determinados locais e períodos do País", afirma Castro. Para Hugo Castro, as Faculdades de Saúde, em geral, e as de Medicina, em particular, ainda não abordam temas como "erro assistencial" e "segurança do paciente" de forma adequada nos seus currículos. "Acredito que o desconhecimento sobre o assunto pode ser um dos motivos para o aumento da judicialização da saúde observado nos últimos anos. Precisamos ampliar o debate sobre esses temas para diminuir a ocorrência de episódios dessa natureza", afirma Hugo Castro. *Hugo Castro é médico, mestre em Poder Legislativo pelo CEFOR - Câmara dos Deputados e doutorando em Bioética pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Portugal. É pós-graduado em Direito Médico, em Medicina do Trabalho e em Perícia Médico-Legal. Atualmente, é Responsável Técnico pela AC Peritos, empresa brasiliense especializada na realização de perícia médica e assistência técnica judicial em demandas sobre erro médico. | |
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